Vida de goleiro é um inferno. Se no mesmo jogo faz 10 defesas "milagrosas", mas falha em um golzinho, pronto: a marca do arqueiro na partida será o erro.
No futebol imediatista, onde os feitos da quarta-feira são esquecidos no jogo de domingo, a reputação construída pouco a pouco desmorona em um lance.
Weverton e Cássio, goleiros de Palmeiras e Corinthians, respectivamente, têm vivido sob esse fio da navalha, por onde também se equilibra João Paulo.
Um dos principais nomes do Santos nos últimos quatro anos, o goleiro ganhou espaço no coração santista com grandes atuações dentro das quatro linhas e por não se omitir nem antes, nem durante e nem depois dos jogos. Sempre dando a cara a tapa e se posicionando, nas (muitas) derrotas ou nas (poucas) vitórias desde 2020.
Mas, o fato dele não brilhar muito nas cobranças de pênaltis começou a pesar. Mesmo com o Santos sofrendo jogo após jogo e com JP sendo eleito o craque da partida jogo após jogo, as críticas vinham ganhando força.
E se em 2024 ele aceitou reduzir salários para defender o clube após o maior vexame da sua histórica e fazer parte da reconstrução pós-rebaixamento, alguns lances questionáveis fizeram a titularidade dele ser contestada.
Não que qualquer jogador tenha lugar cativo no time. Longe disso. Mas, em três meses, a gangorra balançou muito entre atuações boas e críticas mais ácidas de torcedores em busca do atleta perfeito, de zero erros.
Na entrevista do recém-contratado goleiro Gabriel Brazão, ele se autoproclamou pegador de pênalti. Farpas?
Sendo indireta ou não, a resposta de João Paulo foi, como sempre, em campo. Mais uma atuação segura nos 90 minutos contra a limitada (e esforçada) Portuguesa, que graças às traves e ao goleiro santista não ganhou no tempo normal.
E nos pênaltis, defesa de JP que colocou o Santos na semifinal, aliviando a sofrida noite do Peixe.
Do inferno ao céu em uma defesa.
Até o próximo jogo, a santidade de João Paulo está retomada. Com uma (não) defesa distanciando o céu do inferno.
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