terça-feira, 27 de outubro de 2009

Mais um vexame na Vila

Novamente o Santos decepcionou jogando na Vila Belmiro. O Alçapão nunca foi tão mal usado na era dos pontos corridos como em 2009. E, novamente, o Santos sai na frente, mas não sai com os três pontos.

Em um campeonato tão disputado e equilibrado, fazer a "lição de casa" é fundamental para qualquer time que pense grande. Com a derrota para o São Paulo, o Peixe acumulou 18 pontos desperdiçados em casa, somente em jogos nos quais ele começou ganhando e não saiu como vencedor.

Supondo-se que ele não ganharia todos esses pontos, mas que conseguisse conquistar a metade deles, o Santos estaria no bolo que briga pelo título e pela Libertadores. E não é exagero: com esses 9 pontinhos, o Peixe somaria 50, na 6ª colocação, apenas 4 pontos atrás do líder. E poderia ser uma diferença ainda menor para a "Tropa de Elite" do Brasileirão, já que dos 18 pontos desperdiçados na Vila, a maioria (16) foi contra os primeiros colocados: derrotas para Palmeiras, São Paulo, Flamengo e Atlético Mineiro, além de empates com Goiás e Internacional.

Um desempenho pífio em (mais) um ano ruim para os santistas.

É muito pouco para o segundo time que mais pontuou na era dos pontos corridos. É muito pouco para um time com a história e tradição do Santos.

PS:

Foi bem: André, o substituto de Kléber Pereira, fez mais um gol, novamente começando uma partida no lugar do "artilheiro" santista. Não merece mais chances como titular?

Foi mal: Falta inteligência para o time - são muitas faltas próximas a área, pouca finalização e a equipe não sabe cadenciar o jogo após abrir o marcador.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Perspectivas para o Peixe

2009 está chegando ao fim, em mais um ano em que o Santos (masculino) passou batido. O começo da temporada até que empolgou os santistas com a classificação para a final do Paulista, mas desde então, os alvinegros praianos têm convivido com a dúvida e a irregularidade, fora alguns vexames, como a eliminação da Copa do Brasil e a derrota para o Vitória no 1º turno do Brasileirão.

O time mostrou que não foi uma equipe imatura: foi um time desequilibrado e sem comando. Teria sido imaturo se os erros viessem dos mais jovens, mas Neymar, Paulo Henrique e Felipe, frutos da base, junto com o meia Mádson (que teve uma grande queda de produção), comandaram o Santos nos poucos momentos de alegria em 2009.

Os jogadores experientes, que deveriam dar "base" para os garotos, fracassaram bisonhamente. Kléber Pereira é o principal alvo da torcida devido às atuações displicentes e pela quantidade de gols perdidos. O goleiro Fábio Costa precisou se machucar para finalmente sair do time, pois se não, teria ficado na meta, tomando gols bobos e criticando os esforçados garotos - resumindo, atrapalhando o Santos. Domingos teve que quebrar alguns ossos de companheiros para ser mandado embora. Fabão, o pseudo-capitão, dá chutão quando tem que sair tocando e sai tocando quando tem que dar chutão. Os 32 laterais-direitos mostraram como as contratações foram impensadas. E não há nenhum atacante para disputar posição com Kléber Pereira.

Os garotos, esforçados, corriam, produziam, mas tinham que jogar contra os adversários e contra os erros dos mais velhos.

Boatos informam que Luxemburgo vai para o Internacional. Que se vá. Normalmente ele não trabalha com a categoria de base e insiste em contratar os desconhecidos de times pequenos. Além disso, não teve peito para barrar Fábio Costa, Fabão e Kléber Pereira. Ao menos mandou Domingos, Roberto Brum e Fabiano Eller embora. As críticas, entretanto, não podem ir além, afinal, o treinador pegou uma equipe rachada, desmontada, sem padrão e sem elenco. Trouxe George Lucas, mas trouxe Jean, que irá estreiar após quase três meses. Se o atacante continuar com a mesma habilidade e categoria que demonstrou no Vasco, Flamengo e Corinthians, que volte para o Oriente em dezembro.

E que em 2010 haja uma faxina na Vila Belmiro. As eleições presidenciais estão aí. Marcelo Teixeira conseguiu tirar o time masculino da fila e valorizou o futebol feminino, mas, uma mudança às vezes cai bem e, depois de quase 10 anos no poder, é bom para a torcida analisar e acompanhar os trabalhos de outro comandante, desde que esse candidato esteja disposto a manter as coisas boas e melhorá-las - como investimentos nas categorias de base e no futebol feminino - e varrer os "chinelinhos" e medalhões que só tumultuam o ambiente.

O centenário está chegando e o Santos precisa melhorar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Imprensa cega

Lamentável e desrespeitoso. Dessa forma é que a imprensa está lidando com a histórica conquista do Santos FC nesse domingo.

Há décadas as mulheres vêm lutando para terem maior reconhecimento na sociedade. Conseguiram vitórias importantes como a equiparação salarial, mais oportunidades de emprego, mas são vitórias que ainda não estão completas. Ainda nã há igualdade de possibilidades e valorização.

O futebol, paixão do brasileiro, reflete bem isso.

Há alguns anos o futebol feminino tem crescido no Brasil por pura determinação das mulheres, apoiadas em alguns pilares incentivadores do esporte. Condições de praticar o futebol feminino quase não existiam: o calendário, até pouco tempo, não existia, as meninas não recebiam salário e os campos eram semelhantes aos encontrados nas várzeas.

Mas a situação começou a mudar com a evolução do futebol feminino no Brasil. Mas, que fique claro: evolução do futebol praticado pelas meninas, não da estrutura.

Com o aparecimento de Marta, Cristiane e cia, o futebol feminino começou a ganhar força. A final do Pan-Americano com o Engenhão lotado foi marcante. Mas, de lá para cá, pouco mudou.

O Santos resolveu investir na categoria. Deu condições melhores do que as encontradas pelo país, mas ainda longe do ideal. Investiu em contratações, entrou com força nos campeonatos, trouxe uma equipe técnica para orientar as garotas e, em 2009, os resultados começaram a surgir.

Em um ano fantástico, as Sereias da Vila deixaram a torcida alvinegra cheia de motivos para comemorar, mesmo na fase "pré-Marta":

- Campeãs da LINAF com 100% de aproveitamento - 23 vitórias, com 164 gols marcados e 6 sofridos, sendo 3 nos dois jogos da final contra o Corinthians (4x2 e 2x1).

- Finalistas do Campeonato Paulista contra o Botucatu (um dos melhores times de futebol feminino do país), ainda a ser jogado (24 e 31 de outubro) - campanha de 13 vitórias e 7 empates.

- Copa Mulher - eliminadas na semi-final por não ter time para disputar o torneio devido à convocação de 9 jogadoras para a Seleção Brasileira

- Copa do Brasil - classificadas para a segunda fase, onde enfrentarão as meninas do Mixto - MT, nos dias 22 e 29 de outubro.

Foram mais de 200 gols marcados e menos de 20 sofridos em seis meses.

Mas a coroação estava por vir em outubro, com a conquista da Libertadores feminina, com Marta e Cristiane na equipe.

Porém, a conquista teve pequena repercussão. Os jornais impressos pouco citaram o título (um jornal chegou a colocar somente um"quadrinho" falando sobre a conquista).

O empate sem gols do time masculino foi mais comentado do que a conquista das meninas. Um descaso e um verdadeiro "chute no estômago" daqueles que defendem e incentivam o crescimento do futebol feminino.

A imprensa deveria destacar a conquista, valorizar o esforço e cooperar com a evolução da categoria, além de cobrar que o trabalho feito por Santos e Botucatu seja exemplo para outros grandes times.

Mas, a grande imprensa não tem olhos para o futebol feminino e pouco enxerga as outras modalidades.

Ao invés de somente comemorar os Jogos Olímpicos que ocorrerão no Rio de Janeiro, a imprensa deveria é cobrar mais incentivo aos esportes "extra-futebol", masculino e feminino.

O que faz a imprensa esportiva hoje é apenas tapar o sol com a peneira e se conformar em apenas vender jornais, não em informar com mais qualidade e variedade.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Show na Vila

O dia 18 de outubro de 2009 entrou para a história do futebol brasileiro, especialmente na história do Santos Futebol Clube. Após a goleada aplicada sobre o Universidad Autonoma de Assunción (PAR) - 9 x 0 - as Sereias da Vila garantiram o título da primeira Copa Libertadores da América feminina. E o jogo do título foi um espetáculo a parte!

O Santos tem feito um trabalho pioneiro no país, investindo na categoria feminina do esporte mais popular do Brasil. E os frutos começam a surgir. Em um ano espetacular, o time que só foi derrotado uma vez em 2009 - ficou com o bronze nos Jogos Abertos do Interior - entrou para a história do futebol mundial.

Na Libertadores, não teve adversário que conseguisse bater as Meninas da Vila. Dando aula de posicionamento, habilidade, categoria e eficiência, as Sereias marcaram 43 gols e sofreram apenas 2 na incrível campanha de 6 jogos e 6 vitórias. Não bastasse isso, foi o time mais disciplinado do torneio e teve a artilheira da competição - Cristiane, com 15 gols.

Na final, o time inteiro foi espetacular (mesmo sem a artilheira Cristiane), a ponto da bela partida da estrela do time, Marta, não ter parecido tão brilhante. Apesar de ela ter feito 1 gol e ter dado o passe para 4 outros, um torcedor chegou a questionar: "a Marta está jogando hoje? Ainda não 'vi ela' tocar na bola". A equipe inteira foi impecável durante o torneio e deu lições a muitos marmanjos.

A goleira Andréa, segura, teve pouco trabalho na competição graças ao trabalho conjunto. O trio de zagueiras é de qualidade acima da média. Aline Pellegrino, Carol Arruda e Janaína têm um posicionamento perfeito, marcam muito bem e ganham praticamente todas as divididas. E mais: dificilmente as beques dão chutão, normalmente elas saem tocando. E elas não brincam na defesa. Essa saída só é possibilitada graças à movimentação do meio de campo.

As alas Dani e Maurine atacam e defendem o jogo inteiro, sem parar de correr nem um minuto. Aliás, Maurine é uma das craques do time, dona de grande habilidade e boa visão de jogo. Dani é uma lateral que passa bem a bola e marca com rigidez.

Se as laterais estão congestionadas, a saída é com a excelente Fran, uma verdadeira "cão-de-guarda". Sempre se movimentando pelo meio do campo, distribui as jogadas e sempre chega ao ataque, arriscando bons chutes de média distância.

Ajudando na criação das jogadas ofensivas, Estér é a mais discreta jogadora do time. Mas marca bastante e sempre aparece para o jogo. A companheira dela dispensa comentários: a rainha Marta. Aliás, ela merece um comentário, mas não ressaltando as habilidades já conhecidas mundialmente. É impressionante o carisma da jogadora. Basta ela se aproximar da lateral do campo e os torcedores se levantam gritando o nome da meia. E a melhor do mundo, com a humildade e simplicidade de quem lutou e luta muito para conseguir transformar o futebol feminino em algo melhor, mais digno, sorri e manda acenos para os entusiasmados torcedores - logo depois do momento de alegria com os fãs, a meia "fecha a cara" e volta com tudo para o jogo.

No ataque, Cristiane não desperdiça nenhuma oportunidade e faz gols de todas as maneiras: chutando com a perna esquerda, com a direita, marcando de cabeça, arriscando de perto, de longe, fazendo "gol feio, gol bonito"... E Érica é uma "coringa" - joga no ataque, na defesa, no meio-de-campo... E em qualquer função, faz bem seu trabalho.

O banco de reservas sempre traz um ânimo novo para o time. Destaque para as garotas Ketlen e Thaís, velozes, habilidosas e ousadas. Pikena, meia que entrou no segundo tempo da final, era a craque do time até a chegada de Marta, e Suzana, atacante, tem faro de gol.

E, claro, um exército sem um comandante não evolui. Kleiton Lima tem feito um grande trabalho e, com determinação e trabalho firme, tem feito do Santos FC uma máquina em campo!

Parabéns a toda a equipe, às garotas que arrebentaram, à comissão técnica, à diretoria que está acreditando no time feminino (pode fazer mais, mas já deu um grande passo) e à Rede Bandeirantes, que transmitiu quase todos os jogos das Sereias da Vila. E parabéns aos torcedores santistas que prestigiaram as meninas - na final, foram 14183 santistas (poderia ser mais, mas é quase o dobro de um jogo normal dos "marmanjos da Vila") que curtiram um momento histórico na Vila Belmiro.

Mas, não pode parar depois dessa importante conquista. O investimento deve continuar. A torcida tem que continuar acompanhando e dando apoio às meninas. Se Marta e Cristiane não jogam mais esse ano, as outras Sereias continuarão lutando pelos outros torneios que o Peixe disputa. E que o exemplo dado pelo Santos seja seguido por outras equipes. "Futebol é coisa para homem" já ficou no passado. Futebol é coisa para todos!

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