O relógio ainda não marca uma hora da manhã na fria madrugada paulista, mas mais de 800 santistas já estão no estádio do Pacaembu em busca de um dentre os cinco mil ingressos disponibilizados para não-sócios.
O sonho desses torcedores é poder comemorar no estádio o título da Libertadores contra o Peñarol, no dia 22 de junho.
Porém, o sonho começa a virar pesadelo quando a velha arte de vender ingressos se torna uma verdadeira guerra.
No meu mundo, vejo o processo da seguinte maneira: um local tem dez bilheterias, então dez funcionários estarão nos guichês no horário previsto para vender os bilhetes.
As filas são "engenhosamente" ordenadas com cavaletes ou grades, aparentemente equipamentos dentre os mais modernos e difíceis de encontrar...
Os atendentes abrem o guichê, recebem o dinheiro (ou cartão) e validam a compra. Em um processo extremamente complicado, em menos de um minuto, o torcedor está com o ingresso na mão.
Mas os brasileiros são gênios e conseguem achar meios mais ridículos e ineficientes para se fazer a venda de ingressos.
Em plena final de Libertadores, no ano de 2011, a "organização" é a seguinte:
- Os torcedores chegam pela madrugada, aguardam dez, 12 horas na fila até colocar o nome na lista, que uma funcionária se apressa em escrever utilizando o moderno sistema de papel e caneta.
- O "felizardo" vai para outra fila e aguarda que todos os nomes inscritos antes dele sejam chamados para, enfim, comprar o bilhete.
- Para organizar todo esse processo, uma equipe composta por três funcionários sem uniforme e nenhum policiamento para dar respaldo.
Pronto. Essa é a fórmula para acabar com os nervos de qualquer ser humano e provocar tumultos e caos.
Foi isso o que aconteceu nessa terça-feira, 14 de junho de 2011.
As bilheterias abririam às seis da manhã, mas devido à pressão agressiva dos "torcedores", iniciada em torno de 5h50, os guichês permaneceriam fechados até que os três funcionários colocassem em ordem os mais de dois mil indivíduos que queriam comprar a entrada.
Às oito horas da manhã, quem havia chegado à meia-noite e quem havia chegado cinco minutos antes estavam juntos, e, com sorte, espremidos próximos aos guichês.
Os líderes da torcida organizada é que começam a tentar ordenar as filas. Os próprios torcedores começam a arrumar as grades para evitar que os "espertalhões" burlem a vez dos outros. A fiscalização é feita por alguém que tentava comprar o bilhete, mas não conseguia se aproximar da bilheteria.
Os funcionários sumiram.
Polícia? Apenas uma ou outra viatura ronda a Praça Charles Miller.
Um ou outro policial desce do veículo, dá uma olhadinha na bagunça e volta para a ronda.
Para deixar o espetáculo mais pavoroso, os indivíduos começam a se ofender, trocar xingamentos e socos.
Depois de três horas de tumulto, aperto e palavras agressivas entre os santistas, finalmente a Polícia Militar chega, com a Tropa de Choque.
Em menos de uma hora a fila foi organizada e os ingressos começaram a ser vendidos.
É desse modo que serão vendidos os bilhetes para os jogos da Copa do Mundo?
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