Cansativa, entediante, chata e extremamente insuportável. Assim tem sido a pressão de comandantes da CBF e de parte da mídia implorando para que Neymar vá embora do Brasil. Essa será a segunda vez nos últimos meses que essa discussão será tema no blog.
A justificativa para mandar o craque santista embora é a mesma de sempre: na Europa ele evoluirá. Explicação fraquinha, que ainda menospreza o produto brasileiro.
Na Europa Neymar encontrará tantos ou mais jogadores de nível baixo pela frente.
Dizer que o Osasuña (ESP) tem mais time que o Atlético Mineiro é piada.
Acreditar que o Grêmio é mais fraco que o Siena (ITA) é bizarro.
Defender que é mais fácil superar o Vasco do que o Wolfsburg (ALE) chega a ser patético.
E o que dizer das "potências" Groningen (HOL), Swansea (ING), Olhanense (POR)? Esses times mal jogariam a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
Claro, existem times bem fracos no Brasil. Muito fracos. Mas no país mais vitorioso do futebol existem pelo menos 12 grandes clubes para serem enfrentados rotineiramente, não apenas dois ou três, como acontece nos campeonatos europeus.
E, de verdade: você preferiria contratar o zagueiro português Pepe, do poderoso Real Madrid (ESP) ou o brasileiro Dedé, do Cruzeiro? Eu não tenho dúvidas: ficaria com a segunda opção.
Quer mais? Então escolha entre o atacante durão Soldado, do Valencia (ESP) (que sempre fica entre os primeiros no campeonato espanhol), ou o afiado brasuca Leandro Damião, do Internacional?
Ou seja, até nos grandes times europeus existem jogadores bem medíocres. Como existem no elenco dos principais times brasileiros. Estamos quites.
Outra dúvida: se o Neymar precisa ir para Europa para evoluir, por que, então, a seleção brasileira não é dirigida por um técnico europeu?
Vamos seguir a lógica: se para evoluir, Neymar precisa sair do Brasil, é por que em outros países ele será melhor treinado. Portanto, os técnicos brasileiros não prestam?
É isso mesmo Carlos Alberto Parreira? É isso mesmo Mano Menezes? É isso mesmo Muricy Ramalho? É isso mesmo caro presidente da CBF, José Maria Marin?
Cadê a lógica?
Por fim, volto a questionar: se na Europa o jogador evolui tanto, por que o Robinho não é titular da seleção brasileira, após sete temporadas nas principais ligas europeias?
Por que o armador Diego não é o 10 da seleção canarinho?
Por que Alexandre Pato (quase seis temporadas no Milan) é reserva de Romarinho (ex-Bragantino) no Corinthians?
Por que Íbson, que se destacou na Rússia mas hoje é moeda de troca no Flamengo, não está convocado para a Copa das Confederações?
Por que o Felipe Melo, após trocentos anos na Europa (hoje é jogador da Juventus-ITA e campeão turco pelo Galatasaray), não é o "cão de guarda" da equipe pentacampeã mundial?
E por que o Anderson, que só não fez chover quando surgiu no Grêmio, e hoje, quase sete anos após ir para a Europa, não passa de um médio volante mediano do Manchester United (ING), campeão inglês?
Por que o centroavante André, agora detestado pela torcida do Santos e recém-contratado pelo Vasco, não voltou como matador após jogar na Ucrânia e na França?
Se a Europa é um centro de evolução, por que eles, que tinham tanto potencial antes de sair do Brasil, hoje mal têm espaço nos clubes brasileiros?
Já passou da hora do brasileiro perder a síndrome de vira-lata e ver que aqui mesmo, no nosso Brasil, nós temos produtos extremamente valiosos.
terça-feira, 21 de maio de 2013
Insuportável
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