Chegamos à última rodada do Brasileirão 2009, um dos campeonatos mais disputados da história mundial e com a melhor média de público das últimas 22 edições.
Polêmicas não faltaram: arbitragens ruins, gols mal anulados, pênaltis não marcados, jogador que merecia ter sido expulso e não foi, jogador que não merecia ter sido expulso e foi, mudança de horário das partidas, jogadores convocados que voltaram machucados. Tudo como sempre aconteceu.
Porém, nas últimas partidas da competição, as polêmicas estouraram em todos os cantos.
Primeiro foi a mala branca para Goiás e Barueri.
Depois, na penúltima rodada, a dúvida era se o Corinthians entregaria o jogo para o Flamengo, visando prejudicar os rivais São Paulo e Palmeiras, além do Internacional, com quem tem travado acaloradas discussões desde 2005.
Agora, na última e decisiva rodada, a dúvida é se o Grêmio jogará contra o Flamengo, no Maracanã, o que não jogou em nenhuma outra partida do Brasileiro.
Sim, o time com a segunda pior campanha fora de casa se vê pressionado para ganhar do líder, na casa do adversário. A campanha do Grêmio fora do Olímpico é ridícula: 12 derrotas, 5 empates e 1 vitória.
Na última rodada, o Tricolor gaúcho, que não tem mais nenhum objetivo no campeonato, em prol da moral e da ética, tem que ganhar do Flamengo. E pode beneficiar o Internacional, o maior rival.
Imprensa e alguns dirigentes já proclamaram: o Grêmio tem que escalar os titulares, nada de dar férias antecipadas e ganhar uma semana de pré-temporada em 2010.
O Corinthians passou por processo parecido. Para não beneficiar São Paulo, Palmeiras e Inter, o Timão tinha que vir com força máxima e bater o Flamengo, em Campinas.
Poucos se lembram que o Corinthians está em ritmo de treino desde a conquista da Copa do Brasil e pouco produziu no Brasileiro.
Mas, dirigentes e imprensa cobram dedicação máxima na competição, mesmo quando não se tem mais nenhum objetivo.
Sinceramente? Qual torcedor prefere que seu time derrote o outro e acabe dando o título para o maior rival? Qual é a motivação para que os atletas joguem mais do que jogaram no campeonato inteiro? No mundo real, poucos torcedores desejam isso.
A imprensa e dirigentes são hipócritas quando cobram esses resultados.
Os dirigentes reclamam mais por desespero, por não terem sido tão competentes no campeonato. Se tivessem jogado melhor e tivessem desperdiçado menos pontos, não dependeriam do maior rival para levantar a taça.
Afinal, quem explica o empate, no Morumbi, entre São Paulo e Santo André? E o empate contra o Atlético Paranaense, no mesmo estádio?
O que justifica o empate do Palmeiras com o Sport no Palestra Itália? E a derrota para o Santo André diante da torcida alviverde?
E o Inter, por que perdeu para o Botafogo no Beira-Rio? E o empate com o Atlético Paranaense diante da própria torcida?
Tropeçaram e na reta final, dependem dos adversários.
O Flamengo, se não vencer o último jogo, também pode depender de um rival: o Botafogo. Lutando contra o rebaixamento, o Fogão pode dar o título ao Fla caso vença o Palmeiras. (O Fla que também tropeçou, afinal, como explicar o empate com o Náutico em casa? Ainda vale lembrar o empate com o Barueri, também no Maracanã).
Num campeonato de pontos corridos, cada jogo é uma final. E cada vacilo pode custar o título. Nos casos acima, foram citados somente jogos contra times que passaram o campeonato lutando contra o rebaixamento. Os confrontos diretos nem foram citados...
E chegar na última rodada dependendo de uma vitória do rival para ser campeão não é prova de competência.
Não há motivos para cobrar qualquer motivação extra dos rivais. Isso é irreal. É bizarro.
No próximo campeonato, não tropece e garanta o título sem depender de ninguém, muito menos de um histórico adversário.
Quem jogou futebol, quem sabe como é o coração de um torcedor, tem uma certeza: evitar que um rival ganhe um título ou rebaixá-lo tem um gosto delicioso.
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