quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Tite estreia com o pé direito na seleção brasileira

Brasil: sexto lugar nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. Adversário: o ex-líder Equador e a altitude de quase três mil metros. O cenário era dos mais desafiadores, mas o melhor técnico nascido no Brasil nas últimas décadas mostrou que merece estar no comando da seleção.

Com uma atuação primorosa, o Brasil encerrou um tabu de 33 anos sem vencer os equatorianos como visitante. Os 3x0 foram justíssimos - poderia até ter sido mais se não fosse a altitude, que prejudicou bastante a troca de passes tupiniquim. Uma goleada para mostrar que o futebol brasileiro está ressurgindo.

Tite soube superar o pouco tempo para trabalhar colocando a seleção para jogar no esquema que o consagrou e, também, explorando ao máximo o potencial de jogadores-chave, como Neymar (aberto pela esquerda), Gabriel Jesus (flutuando no ataque) e Paulinho, o destaque no meio-de-campo.

Defensivamente, o Brasil tomou poucos sustos, praticamente todos no primeiro tempo, quando Montero atormentou o lado direito da defesa brasileira.

Mesmo assim, o Brasil finalizou mais e contou com a união e compactação do meio-de-campo. Casemiro, maior ladrão de bolas da partida, Renato Augusto, que se apresentou bastante no ataque, mas errou todos os chutes e alguns passes, e Paulinho, onipresente em campo, ditaram o ritmo. O único meio-campista que atuou abaixo da crítica foi William.

Na segunda etapa, o Brasil cresceu e parecia atuar em casa. O gol era questão de tempo. E foi mesmo.

Neymar, muito bem coletivamente, fez boas jogadas e abriu o placar em cobrança de pênalti sofrido pela grande estrela da partida: Gabriel Jesus.

Sim, o atacante palmeirense atraiu todos os holofotes com uma atuação voluntariosa, brigando com os equatorianos em cada centímetro campo e arriscando chutes e tabelas. E foi recompensado com dois golaços: um de calcanhar e outro em um belo chute no ângulo.

Os 3x0 servem para mostrar que o Brasil pode sim voltar a brigar pelas primeiras posições. Tem um jogador excepcional - Neymar; um punhado de jogadores muito bons, como Marcelo, Daniel Alves, Casemiro, Miranda e Phillipe Coutinho; e uma grande promessa que, a cada dia, mostra que tem um potencial absurdo: Gabriel Jesus. Some-se isso a jogadores talentosos e aplicados, como Renato Augusto, William e Paulinho, a um técnico que se capacitou para ser o melhor, e o resultado é esse: uma seleção competitiva.

O jogo, entretanto, não esconde o que precisa ser melhorado: troca de passes mais inteligentes, principalmente no campo defensivo, finalizações mais precisas e mais movimentação por todo o campo - no primeiro tempo, em diversas ocasiões, William ficou sozinho na ponta direita sem ter com quem tabelar. Além disso, em alguns momentos os equatorianos encontraram muito espaço para chutar, além de ficarem com todos os rebotes ofensivos. Detalhes que certamente serão corrigidos com o tempo e trabalho de Tite.

Notas

Alisson- seguro, foi bem nas poucas vezes que os equatorianos acertaram o gol. Nota 6,5.

Marcelo: apoiou muito bem e foi seguro na defesa. Nota 7.

Miranda: capitão e dono da defesa. Foi muito bem por cima e nas antecipações pelo chão. Nota 8.

Marquinhos: formou ótima dupla com Miranda. Seguro, discreto e eficiente. Nota 7,5.

Daniel Alves: sofreu com a velocidade de Montero no primeiro tempo e apoiou menos do que de costume. Nota 6.

Casemiro: muito bem na cobertura à defesa, perdeu algumas bolas perigosas no campo defensivo. Nota 6,5.

Paulinho: surpresa na convocação e na escalação, justificou sua presença defendendo e atacando bem. Nota 7.

Renato Augusto: ajudou a compor o meio-de-campo e apareceu bem no ataque, mas errou todos os chute. Nota 6,5.

William: atuou bem abaixo do potencial e, às vezes, isolado na ponta direita. Nota 5.

Neymar: jogou pelo time, driblou quando necessário e criou várias voas oportunidades. Premiado com o gol de pênalti. Nota 7,5.

Gabriel Jesus: estrela da partida, se movimentou, marcou, roubou bola e infernizou a defesa equatoriana. Fez dois golaços, sofreu pênalti e foi o melhor jogador na partida que marcou sua estreia na seleção principal. Nota 9,5.

Philippe Coutinho: entrou bem no lugar de William e quase marcou dois gols. Nota 6,5.

Tite: mesmo com pouco tempo para trabalhar, armou bem a seleção e conseguiu extrair ao máximo o potencial dos convocados. Nota 9,5.

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