Mais uma derrota da seleção brasileira para um adversário
que integra o Top 10 mundial.
Mais uma vez, a mídia elege como alvo o melhor jogador de
futebol do Brasil: Neymar.
Mais uma vez, fãs dos “cinta-dura” pedem que a maior
revelação brasileira dos últimos anos vá para a Europa.
A justificativa: contra grandes adversários Neymar não
brilha. Na Europa, Neymar se aperfeiçoará, desenvolverá o talento necessário
para “arrebentar” com a amarelinha.
Argumentação fútil.
Repare: Messi está na Espanha desde “molequinho” e levou
mais de quatro anos para poder começar a jogar na seleção argentina 10% do que
faz no Barcelona.
Oras, se ele já estava há tanto tempo no futebol europeu,
por que demorou tanto para começar a jogar bem na seleção?
Os companheiros são, em sua maioria, os mesmos: Higuaín, Dí
Maria, Mascherano, Aguero, Banega...
Será que entrosamento e maturidade tem alguma ligação com
isso?
Certamente.
E mais.
Pelé não precisou sair do Brasil para ser o maior jogador de
futebol de todos os tempos.
Nem Garrincha.
Nem Tostão.
Nem Ademir da Guia.
Nem Rivelino.
Nem Zico.
Todos se transformaram em craques mundiais jogando no
Maracanã, no Pacaembu, no Mineirão, na Vila Belmiro, no Morumbi...
Não precisaram ir para o futebol europeu para provarem que
eram diferenciados.
E, quando eles jogavam aqui, o Brasil era potência, escola
de futebol (a mesma que Pep Guardiola disse ter tido como inspiração para
treinar esse super Barcelona).
Colocar toda a culpa em Neymar pelo fraco futebol da seleção
é injusto e equivocado.
Foi o primeiro jogo sob o comando de Felipão, que já
admitiu: fará testes.
O veterano e rodado Ronaldinho Gaúcho perdeu uma penalidade
quando ainda estava zero a zero. E desperdiçou o rebote também...
A dupla de volantes formada por Ramires, do inglês Chelsea,
e Paulinho não funcionou.
O lateral-esquerdo do Barcelona, Adriano, tomou um baile...
Arouca errou no segundo gol inglês.
O veterano e rodado Luis Fabiano foi peça nula.
Mas, é mais fácil só culpar o garoto que não jogou bem e perdeu
um gol “na cara”, além de implorar para que ele vá embora.
Afinal, lá na Europa ele vai se aperfeiçoar enfrentando o
Levante, Osasuña, Lecce, Granada, Pescara, Sunderland, Augsburg...
O futebol europeu é tão superior, que o atual campeão
mundial é o... Corinthians.
Claro, jogar no Barcelona, no Real Madrid, no Manchester
United, no Milan, é um privilégio. Assim como é honra para poucos atuar com 10
do Cruzeiro, do Santos, do São Paulo, do Flamengo...
Neymar não precisa sair do Brasil para crescer como jogador.
Aqui mesmo ele ainda pode evoluir, se estudar bem seus adversários e seguir
enfrentando todos os rivais com a mesma seriedade.
No Brasil ele já recebe uma grana preta (semelhante ao que
recebem as estrelas "de lá") e enfrenta adversários poderosos, sim.
Aliás, enfrenta times fortes com mais frequência do que se
atuasse em qualquer liga europeia, onde somente dois ou três times apenas lutam
anualmente pelo título.
Observação: Não esqueçam que a Liga dos Campeões, que reúne
os gigantes europeus, não é uma liga nacional. Ele não vai enfrentar a
Juventus, o Arsenal, o Bayern de Munique toda semana...
Se um dia Neymar quiser ser eleito o melhor jogador do
mundo, ok, que vá para a Europa, pois a Fifa insiste em endeusar os europeus e
desprezar o continente que mais revela grandes jogadores de futebol.
Mas, afirmar que somente o futebol europeu o fará crescer é
balela. Que o diga Luan (ex-Toulouse-FRA), Íbson (ex-Porto-POR, Spartak-RUS),
Robinho (ex-Real Madrid-ESP, Manchester City-ING), Fernando Baiano (ex-Wolfsburg-ALE,
Celta-ESP), Betão (ex-Dínamo Kiev-UCR), Denílson (ex-Betis-ESP)... Ou eles se
tornaram gênios após centenas de jogos contra adversários europeus?